Sonia Murtinho
Cunhada | 25.2.2019 | Ipanema, Rio de Janeiro
Sou irmã da Ana, portanto cunhada do Fabio. O Fabio foi um grande membro da família. Ele abraçou a família, assim, a todos. Foi muito generoso, muito presente. Era uma figura assim, com uma ironia… Ele observava tudo. E ele e o meu ex-marido de vez em quando se juntavam, os dois eram muito irônicos e muito críticos. Então eles davam apelidos nas pessoas, se distraíam os dois, fazendo críticas… Ele segurava um pouco as emoções dele, mas sempre foi muito afetivo. Eu gostava muito dele, a gente conversava muito, muitas coisas ele participou. E para nossa família ele foi muito importante. Para minha mãe, sempre ele foi de um apoio muito grande, foi muito generoso sempre. Foi uma perda, uma perda bem grande. E de afeto. Ana e Fabio moraram fora como nós moramos fora. Nós fofocávamos muito, tínhamos muitas coisas em comum, inclusive sobre o Itamaraty, as pessoas do Itamaraty. Quando eu estava em Paris, eles foram nos visitar, nós morávamos num apartamentinho pequeno, 6º andar, na Rive Gauche, era mínimo e tinha um cantinho onde o Cabeto, meu marido na época, fazia de ateliê, era muito pequeno e eu chamava “O útero”. Realmente a Ana e eu fazíamos terapia familiar ali, lembrávamos de coisas e coisas. Então ficou sendo o útero, né? Tivemos bons momentos… A vida profissional dele foi um orgulho pra gente. Foi uma vida muito rica, ele foi um bom marido, um paizão, inclusive tem três filhos que eu amo – a Paula, a Cláudia e o Renato e que vão dando seguimento à existência dele. Tem o Gustav, que é a minha orelhinha, que eu adoro. As Fofoletes, que me chamam de “bagunceira” e estão sempre me chamando pra bagunça… Numa festa delas, me apresentavam para todos os amiguinhos assim: “Ela é bagunceira, ela é bagunceira!”. Enfim, é uma riqueza muito grande e eu tenho orgulho de participar de tudo isso.
Eu me casei em 67, entreguei meu casamento pra mamãe e para as duas irmãs dela. Elas eram muito amigas, não tinham filhos, então faziam tudo pra gente. E aí eu entreguei o meu casamento pra elas. Entrei de noiva, 1.000 pessoas e tudo, tudo o que tinha direito. Dois anos depois a Ana casou. Eu me casei em 67, a Ana se casou em 69, resolveu botar um vestido vermelho, fuxer, minissaia, casou no cartório. O juiz, assim, todo sério… Uma hora a gente teve um ataque de riso porque o juiz falava assim “A Sra. Ana Maria persiste firmemente em se casar com o Sr. Fabio?”. E ela: “Persisto”. A gente teve um ataque de riso porque a cara da Ana dizendo “Persisto” foi a coisa mais engraçada…
Tivemos momentos muito alegres, tivemos momentos difíceis, Enfim, mas isso é o que faz parte da vida. O importante é o que ficou. Ele está dentro da gente, essas memórias, essas lembranças todas, volta e meia a gente se lembra de uma coisa, ri e fala, assim…
Aquele sono do Fabio, que volta e meia ele dormia… Numa homenagem que prestaram a ele lá na universidade, um dos palestrantes disse “Olha, infelizmente fizemos várias homenagens assim, que o Fabio participou, de amigos que se foram, mas nós garantimos que se o Fabio estivesse aqui, ele estaria dormindo. Então esse sono dele era uma coisa, assim pontual. Esse é o Fabio. Foi o Fabio. É e sempre será.
Roberto Vermulm
Fabio, um Professor Eu tenho muitas saudades do Fabio. Antes de mais nada porque era um amigo que nunca poupou tempo para bater papo e conversar sobre a vida. Tenho saudades também daquele grande economista que, na realidade, era muito mais do que um economista, era um intelectual com conhecimento...