José Cassiolato
Amigo e colega de IE | 21.3.2019 | Instituto de Economia da UFRJ, Rio de Janeiro
No final dos anos 1970, fui fazer o Mestrado na Universidade de Sussex na Inglaterra pois estava interessado em discutir a questão da tecnologia, do desenvolvimento na América Latina e no Brasil e lá era um dos centros que me atraía. Outra razão era que uma das poucas pessoas que falavam coisas melhores sobre o assunto no Brasil estava lá fazendo um doutorado. Esta pessoa se chamava Fabio Stefano Erber. Cheguei em setembro de 1977. Eu tinha acabado de fazer a minha primeira 1ª pesquisa sobre transferência de tecnologia num projeto da USP junto com o MIT e já conhecia o Fabio de artigos que ele tinha escrito. Soube que ele estava fazendo esse Doutorado e também tinha tido uma forte recomendação de uma amiga em comum, a socióloga Maria Helena Bope de Figueiredo, esposa de um sociólogo com quem eu tinha trabalhado na primeira pesquisa que eu tinha feito sobre tecnologia e estava fazendo doutorado em Harvard. Maria Helena era muito amiga do Fabio, trabalhava no IPEA e quando eu falei para ela, em Harvard, que eu estava indo para Sussex, ela falou “Você tem que procurar o Fabio”. Tinha inúmeras razões: qualidades pessoais, intelectuais, acadêmicas, políticas do Fabio.
Então fui para o meu Mestrado com um telefone no bolso. Era minha primeira viagem para a Europa, não conhecia nada daquilo, minha primeira experiência e tinha o telefone no bolso de uma pessoa que eu já tinha lido e admirava fortemente. Cheguei com minha pesquisa debaixo do braço, morrendo de medo de mostrar aquilo para o meu guru na época – eu não o conhecia, mas ele já era um guru meu. E telefonei para a casa do Fabio. Ele atende, começo a entabular uma conversa, ele não me conhecia, pois naquela época não existia a internet e a forma de comunicação era muito mais lenta. Mas Fabio diz: “Vem almoçar aqui amanhã. Onde você tá?”. Eu estava num Bed & Breakfast em Brigthon. “Eu sei onde é. Me espera em tal hora que eu vou te pegar”. E na tal hora aparece o Fabio. Nunca tinha visto a figura física dele e me ponho no carro com o Fabio dirigindo para o lugar em que ele morava, que era uma pequena aldeia chamada Kingstown near Lewes – onde eu e a Helena (Lastres) fomos viver dez anos depois quando fomos fazer o nosso doutorado. E o Fabio me pegou no Bed and Breakfast. Fomos, ele dirigindo, eu do lado esquerdo da direção porque na Inglaterra é o contrário, né, e o Fabio – todos os amigos sabem disso, tinha enormes qualidades, mas tinha uma coisa que ele não sabia fazer muito bem: dirigir automóvel. Então eu confesso que a minha primeira experiência ao lado dele foi uma experiência fascinante por um lado, mas também ansiosa (risos). Depois dessa viagem, que foi muito longa, a gente chegou na casa dele e eu me defrontei com a Família Erber.
É impossível falar de como conheci o Fabio sem falar na Família Erber, porque a Família Erber fez parte desse primeiro encontro. Quer dizer, a minha socialização com o Fabio foi o início da minha socialização com a família Erber – a Ana, a Paulinha, que eu sempre vou chamar de Paulinha, que era uma menina de uns quatro, cinco anos; o Renato, que era um pouco menor, e que era um garoto absolutamente, enérgico, a todo vapor. A Claudia não estava presente fisicamente, mas estava na barriga da mãe – a Ana estava com uns seis ou sete meses de gravidez. A Claudinha nasceu logo depois.
Nesse ano eu fiz o Meu mestrado e o Fabio estava terminando o Doutorado dele, que era sobre bens de capital. O orientador de Doutorado dele era o mesmo do meu mestrado, o professor Charles Cooper, e foi uma das razões pelas quais eu tinha ido para lá. Era um intelectual brilhante, um economista político da Ciência da Tecnologia, eu já tinha lido alguns de seus textos em que ele reconhecia a importância do pensamento latinoamericano para discutir essas questões de C&T. No fundo fui para Sussex, pois lá havia uma abordagem heterodoxa das questões da ciência e da tecnologia, mas havia, também um peso da intelectualidade latino-americana– argentinos, uruguaios chilenos, poucos brasileiros – originários da Cepal no Chile, e que depois do golpe de 1973, foram se abrigar em um dos institutos (o IDS) em Sussex.
Minha experiência em Sussex foi muito rica, eu tive acesso a intelectuais ingleses, mas também aos latino-americanos, uma experiência muito legal, mas o Fabio naquela minha passagem foi, talvez, o eixo mais importante porque a relação que se tem com os ingleses, principalmente, é aquela que eles chamam de “arm’s lenght”, quer dizer, você fica a pelo menos um braço de distância. Quando você fica mais próximo, o cara te convida para ir a um pub tomar uma cerveja, mas jamais você dificilmente tem uma relação muito próxima. Então as primeiras conversas que eu tive com o Fabio foram sobre o meu orientador, que era o orientador dele também. Ele era uma pessoa maravilhosa, da África do Sul, também exilado politicamente pelo aparthaid. Fabio me disse… “Como é o Charles Cooper?” “Ah, ele é uma pessoa ótima, mas eu estou aqui há mais de três anos e nunca pisei na casa dele. O máximo a que cheguei foi para entregar um documento, ele me recebeu na porta e eu não entrei”. Essa era a relação que você tinha com os professores, que no plano intelectual era uma relação forte e boa, mas no plano pessoal era sempre à distância de um braço, não era uma relação calorosa (mais tarde, com o Prof. Chris Freeman, recebi que há exceções). Então o calor que tive no frio britânico foi dado pela Família Erber. Ali fiz vários amigos que também faziam mestrado e doutorado na Inglaterra e que conviviam em volta da Família Erber.
No plano pessoal eu não poderia ter um início melhor. Evidentemente, durante este ano, nas várias vezes em que eu tive a felicidade de ir à casa deles, quando terminávamos de almoçar, íamos caminhar nas montanhas e ficávamos discutindo a economia da tecnologia, o desenvolvimento econômico, assuntos que nos uniam. Evidentemente eu era mais novo que o Fabio e aprendi muito. Ele era uma pessoa ótima para se discutir, não impunha ideias, pelo contrário, sempre foi uma pessoa tolerante com visões contrárias. Mas quem o conheceu bem sabe que ele tinha várias maneiras de demonstrar sua crítica. Muitas vezes as pessoas não conseguiam compreender. Uma das qualidades dele era uma ironia finíssima, ele poderia dizer que você estava falando uma besteira enorme com a maior elegância e você não perceber, na maioria das vezes as pessoas achavam até que ele estava elogiando. Ele era um intelectual sólido, com preocupações muito grandes com o seu país, com a economia do seu pais, com a sociedade, mas que também tinha um lado de afabilidade, era extremamente simpático e bom para aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele. Neste ano, ele estava terminando a tese de doutorado, não víamos todos os dias, mas pelo menos uma vez por semana trabalhávamos juntos, saíamos para beber alguma coisa, almoçávamos junto e discutíamos coisas, agendas em comum. Foi um ano de convivência com a família Erber. O sucesso do meu mestrado se deu, em especial, ao meu relacionamento afetivo com a família Erber e com o intelectual Fabio.
Um ano depois ele voltou para o Brasil e uns meses depois eu terminei o meu mestrado e voltei também. Voltei sem nenhum emprego. Ele tentou articular junto com o presidente da Finep então, José Pelucio Ferreira, uma contratação minha no Rio de Janeiro. Tudo foi encaminhado, mas o processo demorou um pouco, eu acabei aceitando um outro convite indo para uma área de pesquisa no CNPQ em Brasília. Durante uns dois ou três anos, a gente ficou com essa relação um pouco à distância, às vezes ele ia a Brasília, eu vinha ao Rio, nos encontrávamos, mas depois de dois anos surgiu um outro convite. Esse eu fui inteligente o suficiente para aceitar, que foi quando foi criado aqui, onde a gente está, nessas salas, um instituto de economia industrial. A gente tinha aqui uma Faculdade de Economia e Administração, graduação em Economia, e o Fabio foi um dos fundadores do Instituto de Economia Industrial, o primeiro centro de ensino de pós graduação e pesquisa em economia voltado à indústria e à tecnologia, no Brasil e na América Latina. Nós temos amigos professores franceses que, por exemplo, toda vez que me apresenta em algum seminário ele diz que eu vim do mais antigo instituto de economia industrial do mundo. Não se dá muito valor aqui dentro, mas foi um pioneirismo de vários professores dessa casa – a professora Maria da Conceição Tavares, o professor Pelúcio, e o professor e meu amigo Fabio Erber foram alguns dos líderes deste instituto cuja finalidade era o ensino de pós-graduação e a pesquisa voltada a indústria e tecnologia no Brasil e no mundo. Esse instituto foi criado em 1980 e em 1981 o Fabio me fez um segundo convite para vir para cá, intermediado pelo professor Pelúcio, que tinha sido vice-presidente do CNPQ. Por dois anos participei dos primeiros momentos de criação desse instituto, foi uma coisa muita rica. Nós não sabíamos direito onde queríamos chegar, mas sabíamos que as questões do desenvolvimento industrial e tecnológico eram fundamentais para que se compreendesse a realidade de um país como o nosso. Esse segundo momento intenso com o Fabio, como ser humano, foi muito rico e o debate que tivemos no início da criação do IEI foram fundamentais para minha formação. Além do mestrado, os trabalhos e as pesquisas que eu e Fabio fizemos foram absolutamente fundamentais.
Dois ou três anos depois vou para a Unicamp fazer o meu doutorado em Economia e continuar trabalhando em pesquisas na mesma área. A primeira pesquisa que eu abracei lá foi também a primeira experiência Unicamp-UFRJ e ela tentava compreender os potencias impactos das novas tecnologias (informática e biotecnologia) na estrutura produtiva brasileira. Quem liderava a pesquisa sobre informática, em Campinas, era o professor Luciano Coutinho, enquanto aqui no Rio era o Fabio Erber. A outra pesquisa, sobre o impacto da biotecnologia na estrutura produtiva brasileira era coordenada na UFRJpor uma amiga em comum, a professora Ana Luísa Osório de Almeida que, infelizmente, faleceu muito precocemente, menos de 10 anos depois, enquanto eu coordenava a parte da Unicamp. Essa minha passagem pela Unicamp foi cheia de interações com o Fabio e com o grupo dele do Instituto, de Economia Industrial. Então durante dois anos nós continuamos fazendo várias coisas juntos e foi uma época de grande aprendizado conjunto.
Um quarto momento foi já na chamada Nova República, quer dizer, quando o Brasil saiu da tutela militar, em meados dos anos oitenta e nós tivemos o primeiro governo de regime democrático. O Professor Luciano Coutinho, com quem eu estava trabalhando na Unicamp, foi convidado para ser o secretário executivo – na época chamava-se secretário-geral, o segundo homem na hierarquia do Ministério da Ciência e Tecnologia do governo Tancredo Neves. O titular era o saudoso ministro Renato Archer. A história que nós lembramos é que o ministério só foi criado por causa do Archer. Tancredo Neves chamou o Renato Archer e disse: “Escuta, eu estou querendo criar o Ministério da Ciência e Tecnologia, mas eu só crio se você aceitar ser o ministro”. O Renato Archer tinha, nos anos cinquenta, sido um dos líderes de propostas da criação de um ministério da ciência e da tecnologia, quer dizer, ele tinha já tinha uma percepção desde aquele período da importância da questão da tecnologia no desenvolvimento brasileiro.
Criou-se o ministério, e o professor Luciano Coutinho foi convidado para assumir esse ministério e me convidou para assumir o cargo de Secretário de Planejamento. O desafio era tentador e eu larguei o doutorado na Unicamp e fui a Brasília. Aí a coisa se inverteu um pouco, apesar de eu ser um pouco mais novo. Tinha o ministro, tinha o Luciano, tinha o secretário de Cooperação Internacional, que é uma pessoa conhecida hoje em dia, o ministro Celso Amorim, eu e mais dois ou três. Éramos pouquíssimos naqueles prédios enormes de Brasília, mas todos com uma enorme vontade de transformar o Brasil depois com o advento da redemocratização. Estávamos montando a equipe do novo ministério. Havia dois cargos de secretário geral adjunto, um deles já tinha sido ocupado pelo professor Almino Afonso, e eu sugeri para o Luciano Coutinho, o nome do Fabio para a outra vaga. O Luciano achou uma ótima idéia, o Fábio aceitou e a família Erber se mudou para Brasília. Passamos pelo menos uns dois, três anos juntos, trabalhando no mesmo ministério. O Fabio já tinha tido experiência anterior no desenho e planejamento de políticas de C&T, já tinha estado no BNDES e na Finep, duas vivências fortes. Eu tinha tido uma experiência menor, envolvendo o estado de São Paulo, no Conselho Estadual de Tecnologia, mas criar um ministério e enfrentar as batalhas da informática nos anos oitenta, como nós fizemos, foi uma experiência muito rica. Foram anos de muita energia, tentativas sucessos e também derrotas e problemas que ocorrem com ideias novas, mas foi também um período profissional, pessoal e acadêmico riquíssimo, que se interrompeu porque, em 1988, eu e Helena fomos fazer o nosso doutorado na Inglaterra.
A Nova República começou a dar água, mas não foi por isso que nós fomos não, já tínhamos planejado há mais tempo. O Fabio ficou um pouco mais em Brasília, depois voltou quase que totalmente aqui para o nosso Instituto de Economia.
Passei alguns anos relativamente afastado do Fabio, de 1988 a 1992, quando fui fazer o Doutorado em Sussex. Nesse período nos vimos quando ele esteve na Inglaterra para um seminário, esteve lá em casa, relembramos os velhos tempos, falamos um pouco de como o país estava entrando em um período complicado nos anos noventa, com o Collor e a primeira onda de neoliberalismo.
Terminei meu Doutorado em 1992 e a minha ideia era voltar às minhas atividades de pesquisa e ensino. Na volta da Inglaterra tive dois convites para fazer concurso na época, um na Unicamp e outro aqui na UFRJ. Na UFRJ me foi feito um convite para um concurso na UFRJ, por telefone, quando eu estava terminando a tese na Inglaterra pelo saudoso professor Aluísio Teixeira, que era Diretor dessa casa. O processo da Unicamp demorou um pouco, e, em 1993 eu entrei nesta casa. Nesse momento, tive a oportunidade, pela quinta vez, de ter um convívio mais aprofundado com o Fabio. A família Erber estava morando no Alto Leblon, na Timóteo da Costa. Logo depois eles se mudaram para o Jardim Botânico, para a casa que eles tinham adquirido. Continuamos a nossa amizade e, logo depois, eu e a professora Helena criamos um grupo de pesquisa aqui. Embora o Fabio tivesse atividades independentes, continuamos trabalhando junto porque nossas agendas tinham pontos de interseção muito profundos. Em 1999 eu e Helena publicamos o nosso primeiro livro, Globalização e Inovação Localizada, que contou com um artigo do professor Fabio Erber, que apontava uma agenda de pesquisa que explorasse os avanços neo schumpeterianos sobre a inovação combinados à abordagem keynesiana, um dos focos de sua preocupação naquele momento. Ele foi provocado a escrever um texto resultado de várias discussões que tivemos. O livro de 1999 foi o primeiro que a Redesist publicou e foi o resultado das principais reflexões teóricas que a gente estava fazendo e que deram embasamento de todo o trabalho de pesquisa que nós estamos realizando de lá até hoje em dia. Então esse livro é o resultado dessas ideias que estavam sendo fermentadas. Foi um período muito rico, a gente passava dias discutindo essas questões, e o Fabio era muito crítico em relação à ausência da macroeconomia nos neo-schumpeterianos. Havia pequenas diferenças entre nós quanto a este ponto. Apesar de eu concordar com ele quanto ao descaso dos principais, neo schumpeterianos com a mecroeconomia, eu lembrava que um dos principais autores desta corrente, o Prof. Chris Freeman, claramente coloca a questão macroeconômica como sendo fundamental no seu livro clássico sobre o Sistema Nacional de Inovação do Japão,. A Helena também pode falar sobre isso porque ela trabalhou como o Freeman e fez uma tese sobre o Japão. Foi um período muito interessante no plano intelectual porque a gente foi ajustando e aprendendo mutuamente a como lidar com essas questões. Neste período escrevemos também alguns artigos juntos sobre política industrial e tecnológica.
Nos anos 2000, o Fabio se afastou um pouco do Instituto, quando ele assumiu, no Governo Lula, uma das diretorias do BNDES, onde, junto a outros órgãos do Governo Federal, ele fez um trabalho excelente. A Dulce trabalhou diretamente com ele, pode testemunhar até quais foram as grandes questões que tomaram a sua preocupação. Mas do lado nosso, à distância, quero dizer, que o Fabio direcionou a agenda de pesquisa para chegar a uma das suas principais contribuições, que é todo o trabalho que ele fez, tentando compreender melhor certas dinâmicas de políticas voltadas para o desenvolvimento econômico e social através da noção de convenções do desenvolvimento. Outras pessoas, sem dúvida, poderão falar melhor sobre esse assunto, mas o que eu poderia dizer sobre essa fase do Fabio é que, talvez, ele tenha se aprofundado no tema, tendo em vista as dificuldades que ele tinha para implementar, em um governo desenvolvimentista, políticas voltadas ao desenvolvimento econômico e social, ancorando-se em embates teóricos e pragmáticos que ocorriam dentro do Governo Lula. Diferentes percepções, diferentes “óculos”, tentavam compreender as questões do desenvolvimento, levando a sugestões e implementações de política que eram exatamente contrárias àquelas que, em sua visão deveriam ser pensadas e implementadas. Não cheguei a discutir detalhadamente algumas destas questões com ele, mas imagino a angústia que o Fabio deva ter passado, participando de certas negociações sobre política industrial ou sobre política tecnológica com os liberais do Ministério da Fazenda. Talvez isso tenha o levado, entre outras coisas, a se dedicar academicamente ao tema, o que fez de uma forma brilhante como sempre. Depois que ele saiu do BNDES ele passou um ano em Paris, com a intelectualidade francesa, junto com amigos nossos, como o Professor François Chesnais, entre outros, onde ele elaborou um pouco sua análise sobre as convenções do desenvolvimento. Saindo do BNDES, o Fabio volta ao Instituto, nós fizemos outros trabalhos em relação a essa questão.
Então eu diria, de uma forma muito sintética, que o meu relacionamento com o Fabio teve diversas fases e em diversos momentos essas relações foram fundamentais para o meu desenvolvimento acadêmico e para o meu desenvolvimento como ser humano. Aprendi muito com ele, tenho certeza de que, com a modéstia dele, ele diria que também aprendeu muito comigo, como ele aprendeu com todo mundo. Ele era muito modesto com relação a estas coisas. Quando ele não aprendia, a gente percebia rapidamente porque com a ironia dele, para quem o percebesse, deixava claro o que ele pensava. Foi uma parceria muito rica, muito proveitosa. Infelizmente o Fabio nos deixou um pouco cedo demais, então fica a saudade, muita saudade, de um intelectual brilhante, de um brasileiro brilhante como poucos. Isso é muito importante. Porém, talvez o legado maior dele,, ao lado da Ana, sejam aquelas três figurinhas que estão em casa: a Paula, o Renato e a Claudia. Quando eles eram pequenininhos, em Sussex. eu dizia a eles que meu nome era Zé. Então a Paula dizia em inglês: What is your name? Zé! Então, para eles eu virei o Zed. Zed porque a pronúncia da letra Z na Inglaterra não é Zi, como nos EUA, mas sim Zed, então eu virei Zed. Talvez eles se lembrem, como eu me lembro, com o mesmo carinho que eu tenho a todos eles.
João Saboia
Fabio foi o autor de um capítulo do primeiro livro publicado sobre a obra de Celso Furtado, organizado por mim e pelo Fernando Cardim. Era excelente professor, sendo homenageado por várias turmas na graduação. Orientou um grande número de monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado....