A Importância do Estudo do Processo de Trabalho – Uma Introdução
Fabio S. Erber, Alfred Sohn-Rethel (colab), Christian Palloix (colab), Mario Tronti (colab.), Raniero Panzieri (colab), Sergio Bologna (colab), Apresentação livro “Processo de Trabalho e Estratégias de Classe”, publicado pela Editora Zahar (tradução da primeira edição inglesa “The Labour Process & Class Strategies”, publicada em 1976 e distribuída para a Conferência de Economistas Socialistas.
Erber apresenta o livro como ensaios que têm nas obras de Marx sua fonte principal de inspiração. Embora um leitor de Marx não possa deixar de ter sua atenção despertada pela minúcia com que trata de detalhes técnicos, notadamente aqueles pertinentes à organização do trabalho, das relações que se estabelecem entre os trabalhadores, destes com as máquinas e com os patrões, a importância desses aspectos para o esquema analítico de Marx passou frequentemente desapercebida. Mas, o recente renascimento dos estudos sobre o processo de trabalho veio a colocá-los novamente em foco, chamando a atenção para a contribuição de outros autores e visões diferenciadas de outras ciências. Ressalta que embora a obra de Marx constitua uma importante contribuição histórica da análise da manufatura e da passagem desta à grande indústria, em que destaca as modificações ocorridas no processo de trabalho, ele reconhecia que a tecnologia não apenas medeia a relação entre o homem e o mundo externo, mas é o centro daquelas atividades especificamente humanas. Assim, a análise do processo de trabalho é uma passagem obrigatória na construção do esquema teórico que Marx desenvolve para distingir o modo de produção capitalista de outros modos anteriores e subsequentes bem como para analisar a sua dinâmica, uma demarche que se reflete nos ensaios de Panzieri e Palloix reproduzidos no livro. As características do processo de trabalho têm repercussões além dos limites da unidade produtiva. Do ponto de vista econômico, irão afetar as relações entre as empresas dentro de um mesmo ramo, elevando a escala minima de produção e eliminando ou marginalizando a produção artisanal e manufatureira; bem como as relações entre as indústrias, sujeitando um mínimo cada vez maior de setores à lógica da grande insústria. Os movimentos de 1968 assinalarama insatisfação generalizada com as condições de trabalho no seio do capitalism, inclusive pela proletarização do trabalho intellectual e das profissões liberais e pela perda relative de controle dos sindicatos sobre as massas operárias. A crise dos anos setenta, com o seu desemprego, viria a pôr uma pá de cal sobre esse discurso. No bojo do questionamento do capitalism e suas instituições (aí incluídos as burocracias sindicais e os partidos) viu-se nos países centrais, um revigoramento do interesse pelo marxismo e, mais especificamente, o despertar do estudo do processo de trabalho. Esse estudo, alimentado na Itália por profundas divergências na esquerda quanto a estratégia política a ser seguida (Panzieri e Bologna, autores de dois ensaios constants do livro, estiveram associados a publicações que se opunham à linha do PCI. Assim, Erber expõe problemas teóricos importantes que a literature enfrenta ao retomar a rica tradição marxista num context econômico e politico substancialmente diferente daquele vigente à época de Marx.
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